A devoção de coroar a imagem da Virgem Maria em muitas datas
em que celebramos uma festa a ela dedicada, em especial no mês de Maio é muito
antiga.
Este gesto quer externar o carinho que sentimos pela Mãe de
Jesus e nossa Mãe. Não se trata de uma devoção vazia de sentido, e nem mesmo a
consideramos uma deusa, pois Maria não é um fim em si mesma.
Não é meta, mas é
sinal.
Sua missão é sempre nos apontar Jesus. Ela é a aurora que
antecede a luz radiante do magnífico Sol que é Cristo.
Coroamos a sua imagem, porque em nosso coração ela tem um
lugar especial, pois pelo seu “sim” ela se torna a mãe do nosso Senhor.
Ao anúncio do Arcanjo Gabriel, que falou-lhe claramente: “O
santo que vai nascer de ti será chamado filho de Deus” (Lc 1,35), Maria não
titubeia e se coloca como serva, não só com palavras, mas com ações. Logo vai
ao encontro de sua prima Isabel, que ao receber sua visita, exclamou: “Donde me
vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor”. (Lc 1,43)
Coroamos a imagem de Maria, como gesto simbólico, para,
desejosos, aprender com ela a cantar as maravilhas de Deus no nosso dia-a-dia,
reconhecendo-O como Deus Vivo: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito
exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46-47).
A origem bíblica da
figura da Rainha Mãe
O título de Nossa Senhora Rainha está intimamente ligado com
a realeza de seu Filho Jesus Cristo. O Papa Pio XI, na Carta Encíclica Quas Primas, recordou-nos um precioso
ensinamento da Igreja a respeito da pessoa de Cristo: Ele é Rei do Universo.
Justamente nesta realeza universal do Filho de Deus se fundamenta a tradição da
Igreja de atribuir à Santíssima Virgem Maria o título de Rainha, cuja festa foi
instituída pelo seu sucessor, o venerável Papa Pio XII.
A figura da Rainha Mãe surge pela primeira vez na história
do Povo de Deus na descendência da casa da Davi, nos reinados que o sucederam.
Salomão, filho de Davi, ao ser entronizado como rei, determinou que sua mãe,
Betsabé, sentasse à sua direita: “Betsabé foi, pois, ter com o rei para
falar-lhe em favor de Adonias. O rei levantou-se para ir-lhe ao encontro,
fez-lhe uma profunda reverência e sentou-se no trono. Mandou colocar um trono
para a sua mãe, e ela sentou-se à sua direita” (1 Rs 2,19). Depois da morte de
Salomão, houve uma divisão do Povo de Deus. O Reino do Norte se separou do
Reino do Sul e, por isso, perdeu a descendência de Davi.
No Reino do Sul, também chamado de Reino de Judá, o rei
sempre reinava juntamente com sua mãe. Os 20 reis descendentes de Davi – que
vieram após Salomão – sempre são lembrados junto com suas mães. Isso comprova a
afirmação: Sim, a Rainha Mãe é uma instituição típica da Casa de Davi. Por
terem muitas mulheres, era impossível àqueles reis escolher somente uma das
esposas para reinar ao lado deles. Escolhiam portanto reinar junto à mãe. Para
isso, ela recebia o título de gebirah”
(que significa Rainha Mãe). Este nome aparece nada menos que treze vezes no
Antigo Testamento. Esta tradição não era exclusividade do Povo de Israel. No
Egito e em outros povos da região também havia esse costume. Dessa forma,
compreendemos a importância da figura da Rainha Mãe para a história da
humanidade e também para a interpretação correta das profecias sobre o Messias,
o verdadeiro herdeiro do trono de Davi (cf. Lc 1,32).
Talvez a expressão mais bela dessa tradição esteja no Salmo
44, que diz respeito ao Rei Salomão e menciona a gebirah, a Rainha Mãe: “Filhas de reis formam vosso cortejo;
posta-se à vossa direita a rainha, ornada de ouro de Ofir” (Sl 44,10). Essa
tradição foi mantida no Reino do Sul até o exílio na Babilônia. Depois desse
tempo, não houve mais rei e o povo judeu passou a esperar a vinda do Messias,
do novo Filho de Davi, o Rei dos Judeus.
Se Jesus, Deus feito homem, é o Rei, o Messias, profetizado
e exaltado desde o Antigo Testamento, Maria é a Rainha Mãe, a figura maternal
que aparece junto dos reis nas Escrituras. O Povo de Israel conhecia as
passagens a respeito da figura da Rainha Mãe. Por isso, os apóstolos e
discípulos de origem judaica facilmente compreenderam a importância da figura
da Mãe de Deus no desígnio divino da salvação e transmitiram esse conhecimento
aos demais cristãos.
No dia 30 de outubro as catequistas da Igreja Jesus Eucaristia
promoveram a coroação de Nossa Senhora, encerrando o mês mariano. Foi rezado o
terço pelos presentes e a coroação foi feita pelas crianças da catequese. Ao final
Mons. Gustavo Auler falou sobre Maria e agradeceu às catequistas, crianças e
famílias que participaram do evento.